Feiras de pirarucu manejado movimentam Bauana, Alvarães e Tefé, no Amazonas
Publicado em: 3 de outubro de 2025
Outubro traz as feiras do pirarucu em Bauana, Alvarães e Tefé (AM): uma celebração da pesca sustentável, e a oportunidade de levar para casa um peixe legal, fresco e de qualidade, diretamente das mãos de quem produz
A temporada de comercialização de peixes manejados no Médio Solimões começou com sucesso em Bauana, no entorno da Flona de Tefé, com a 1ª Feira do Tambaqui e Pirarucu Manejado. Em outubro, a região recebe ainda a 9ª Feira do Pirarucu de Manejo Sustentável de Alvarães, nos dias 4 e 5, e a 21ª Feira de Tefé, nos dias 11 e 12, reunindo produtores e consumidores em torno da pesca sustentável.
As feiras representam espaço de compra e venda, mas também um ponto de encontro entre comunidades manejadoras, consumidores e instituições parceiras. São ocasiões em que o público tem a oportunidade de conhecer de perto a origem do pescado e a história das comunidades que se dedicam ao manejo do pirarucu. Para os manejadores, é o momento de dar visibilidade ao seu trabalho, e de celebrar os resultados alcançados coletivamente. Para os consumidores, a feira oferece a chance de adquirir um produto legal, de qualidade garantida e com impacto social direto, estabelecendo uma relação mais próxima de quem produz. Ao reunir diferentes atores em torno do mesmo propósito, as feiras se consolidam como um símbolo de cooperação e de valorização de um modelo que alia a conservação da espécie à geração de renda e à melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas.
Um breve histórico sobre o manejo do pirarucu
O pirarucu (Arapaima gigas) é um dos maiores peixes de água doce do mundo e, devido à pesca predatória, já esteve à beira da extinção. A pressão sobre a espécie se intensificou a partir da década de 1960, quando o crescimento dos centros urbanos e a introdução de novas tecnologias de pesca aumentaram a exploração dos lagos da Amazônia. Para conter o declínio dos estoques, medidas de proteção foram criadas: em 1975, a espécie entrou na lista da CITES, que controla o comércio internacional; em 1989, o Ibama estabeleceu o tamanho mínimo de captura; em 1990, foi definido o período de defeso e, em 1996, a proibição da pesca no Amazonas, exceto em áreas de manejo autorizado pelo Ibama ou de cultivo.
Foi nesse contexto que o Instituto Mamirauá, em parceria com comunidades do Médio Solimões, iniciou pesquisas pioneiras sobre a biologia, a ecologia e o potencial econômico do pirarucu. Em 1999, esse esforço resultou na aprovação do primeiro projeto de manejo comunitário da espécie, que se tornou um marco para a conservação na Amazônia. Desde então, o Instituto Mamirauá tem desempenhado um papel fundamental ao fornecer assessoria técnica, desenvolver metodologias científicas e promover capacitações que unem conhecimento tradicional e embasamento científico.
Graças a esse trabalho, o manejo do pirarucu expandiu-se para diferentes áreas de reservas e acordos de pesca, consolidando-se como um modelo reconhecido nacional e internacionalmente de uso sustentável dos recursos naturais. Hoje, centenas de famílias vivem do manejo, e o pirarucu, antes ameaçado, é exemplo de como conservação e geração de renda podem caminhar juntas.
Fotos: Miguel Monteiro
As feiras do pirarucu: celebração e fortalecimento do manejo
Para os manejadores, as feiras representam uma oportunidade de fortalecer os Acordos de Pesca e as colônias de pescadores, reafirmando a importância cultural do pirarucu. Como resume o manejador Fortunato de Andrade, “a feira, assim como o manejo, é uma festa”.
Ao escolher comprar o pirarucu manejado, o consumidor apoia diretamente esse esforço. O produto é legal, de qualidade e com preço justo, podendo ser transportado para qualquer lugar do Brasil com a documentação emitida durante a feira. Além disso, a compra fortalece a economia solidária, valoriza a ação coletiva das comunidades ribeirinhas e contribui para o combate à pesca ilegal, que ainda é um dos maiores desafios da região.
A 1ª Feira do Tambaqui e Pirarucu Manejado no Quilombo São Francisco do Bauana, localizada na Floresta Nacional de Tefé. A feira levou peixes de qualidade e preços acessíveis a uma população que não tinha tanto acesso a essas espécies por estar em uma área distante da zona urbana. Foram comercializadas cerca de 3 toneladas de tambaqui e 30 pirarucus, atendendo diversas comunidades próximas e até visitantes de outros municípios. O sucesso da iniciativa reforçou o potencial do manejo comunitário e abriu caminho para as próximas feiras da temporada.
Em Alvarães, a 9ª Feira do Pirarucu de Manejo Sustentável acontece nos dias 4 e 5 de outubro, a partir das 6h da manhã, na Praça de Alimentação e Eventos, e em Tefé, a 21ª Feira do Pirarucu de Manejo Sustentável acontece nos dias 11 e 12 de outubro, a partir das 6h da manhã, no Mirante das Mangueiras.
As duas feiras são promovidas pelo Acordo de Pesca Jurupari Grande, formado por moradores das comunidades Boca do Jurupari e Novo Tapiira, no entorno da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã. Os manejadores disponibilizarão cerca de 160 peixes ao longo dos quatro dias e, para organizar o atendimento, haverá distribuição de senhas nas barracas. Já a venda de peixes inteiros será realizada em uma embarcação ancorada no porto.
Para quem pretende levar o pescado para outras cidades, no momento da compra será emitida a documentação necessária para transporte em aeroportos e embarcações, bastando apresentar RG, CPF, endereço e o destino do pescado.
As feiras contam com a assessoria técnica do Instituto Mamirauá e o apoio de diversas instituições parceiras, entre elas a Prefeitura Municipal de Tefé (Secretarias de Produção, Meio Ambiente, Turismo e Comunicação, além do IMTRANS e da Guarda Civil), a SEMA/DEMUC, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), o SEBRAE, o IDAM, a Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), a Colônia de Pescadores Z-4 e a Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (ADAF).
Texto: Julia A. Rantigueri
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