Depois de 15 anos, Semana do Meio Ambiente retorna a Maraã (AM) com programação educativa e cultural

Publicado em: 18 de junho de 2025

Evento reuniu a população, escolas e instituições para promover a sensibilização e mobilização ambiental no Médio Solimões. 


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Créditos: Julia A. Rantigueri


A cidade de Maraã, no Amazonas, voltou a sediar a Semana do Meio Ambiente após um intervalo de 15 anos. Nos dias 5 e 6 de junho, o município, localizado na região do Médio Solimões, foi palco de uma série de atividades voltadas à educação ambiental, reunindo mais de 2000 pessoas, dentre elas pesquisadores, gestores públicos, professores, estudantes e moradores da cidade. 

A iniciativa foi realizada pelo Instituto Mamirauá e pela Prefeitura de Maraã, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), com o objetivo de estimular a reflexão sobre o futuro da Amazônia e o papel de cada cidadão na conservação do meio ambiente. 

A abertura oficial aconteceu na manhã do dia 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, com a caminhada “Amazônia que anda com a gente”. Ao som da Banda Municipal de Maraã, estudantes de escolas locais percorreram as ruas da cidade, partindo do centro em direção ao Ginásio Arlindo Pereira, onde ocorreram as exposições de atividades de pesquisas e as apresentações de grupos envolvidos no evento, abordando temas culturais tradicionais, ou da fauna amazônica.  

A Semana do Meio Ambiente contou com um ciclo de palestras ministradas por pesquisadores do Instituto Mamirauá, realizadas na Escola Estadual Benta Salart, Escola Estadual João Bosco, Escola Municipal Prof. Darcy Barbosa e na Colônia de Pescador. Os temas abordaram o manejo sustentável de recursos naturais, a conservação em territórios indígenas, as boas práticas de manipulação no pescado, saúde alimentar e a importância de cuidar do meio ambiente. 

Com ampla participação da comunidade, a Semana do Meio Ambiente em Maraã reafirmou a importância da educação ambiental como ferramenta estratégica para a valorização dos recursos naturais e para o fortalecimento do compromisso coletivo com a conservação da Amazônia. 


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Créditos: Julia A. Rantigueri

Desfiles e apresentações como destaques do evento

As apresentações culturais marcaram a programação do evento. No dia 6 de junho, escolas e creches encenaram danças temáticas sobre a devastação das florestas e a extinção de animais, além de promoverem desfiles de fantasias representando a fauna amazônica e de roupas confeccionadas com materiais reutilizados.  

Uma das apresentações que mais chamou a atenção do público foi a do povo Kanamari, etnia indígena presente no município que, mesmo diante de desafios históricos e sociais, tem conseguido preservar a riqueza e a complexidade de sua cultura. Em sua participação no evento, o grupo apresentou uma dança tradicional que representava o curupira, figura simbólica da floresta amazônica. Com vestes confeccionadas a partir de folhas, saias enfeitadas com sementes e fios de palha, os dançarinos encantaram o público e reforçaram a importância da valorização das tradições indígenas como parte fundamental da conservação da Amazônia. 

Para finalizar o evento, um curta-metragem produzido por estudantes do ensino médio sobre questões ambientais foi exibido. 

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Créditos: Julia A. Rantigueri


Os impactos do manejo do pirarucu em Maraã

Os impactos do manejo do pirarucu em Maraã foram tema de uma das apresentações e revelam como essa prática transformou positivamente a realidade local. Maraã é um município que se destaca pelo comprometimento com o manejo participativo do pirarucu desde o início dos anos 2000. Com apoio do Instituto Mamirauá, essa estratégia foi estruturada a partir do envolvimento direto das comunidades locais, que reconheceram a urgência de agir diante das normas de pesca da região. 

Ao longo dos anos, o trabalho se fortaleceu e hoje envolve 11 grupos e 986 beneficiários no município, entre pescadores e famílias, que participam ativamente das ações de vigilância dos lagos, monitoramento dos estoques e gestão coletiva da pesca. O manejo se consolidou como um modelo de conservação que alia sustentabilidade ambiental à geração de renda e valorização do conhecimento tradicional. 

Natural de Maraã, o engenheiro de pesca Ruiter Braga, integrante do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, participou da Semana do Meio Ambiente no município e compartilhou com o público um pouco da trajetória e dos impactos do manejo sustentável na região. “Para mim, que sou filho de Maraã, é uma grande satisfação estar aqui. Quinze anos depois do primeiro evento, a gente se depara com uma nova geração de alunos, professores, que na outra edição ainda eram alunos e agora já estão como professores”, destacou. 

Durante sua fala, Ruiter relembrou os avanços que presenciou ao longo dos anos no trabalho de manejo do pirarucu, desenvolvido justamente na cidade onde nasceu e cresceu. Ele enfatizou a importância da regulamentação da atividade pesqueira e o papel fundamental do manejo na conservação dos estoques naturais. “É uma oportunidade para a gente falar do nosso trabalho e mostrar como o manejo de pesca vem contribuindo para a recuperação de estoques que foram perdidos no passado, quando não havia legislação nem fiscalização adequada”, afirmou. Para ele, o manejo é uma prova concreta de que é possível conservar os recursos naturais e manter a floresta em pé por meio do uso sustentável e coletivo. 

O papel da semana do meio ambiente

A Semana do Meio Ambiente é um lembrete de que todos têm o dever de unir esforços. Governo, instituições, escolas e comunidades precisam atuar juntos para construir ações que realmente façam a diferença. Mais do que uma comemoração, o evento se consolida como um espaço de encontro, aprendizado e troca de saberes, além de ser uma oportunidade essencial para fortalecer parcerias com instituições locais e seguir desenvolvendo ações integradas em prol da conservação do meio ambiente na região do Médio Solimões. 

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