Parceria entre Instituto Mamirauá e ICMBio forma multiplicadores de turismo de base comunitária em Rondônia
Publicado em: 8 de junho de 2025
Atividades inéditas fora do Amazonas fortalecem o protagonismo local e a sustentabilidade em Unidades de Conservação da região Norte.
Crédito: Divulgação ICMBio NGI Cuniã-Jacundá
O Instituto Mamirauá realizou, pela primeira vez fora do estado do Amazonas, oficinas do Curso de Multiplicadores de Boas Práticas em Turismo de Base Comunitária (TBC). As capacitações aconteceram em duas Reservas Extrativistas (RESEX) no estado de Rondônia: de 12 a 14 de maio na RESEX Lago do Cuniã, em Porto Velho, e de 18 a 20 de maio na RESEX Rio Ouro Preto, em Guajará-Mirim.
A iniciativa, promovida pelo Programa de Turismo de Base Comunitária do Instituto Mamirauá, teve como objetivo fortalecer o conhecimento local e estimular o desenvolvimento do turismo sustentável nas comunidades. As formações contaram com a participação de moradores das reservas — muitos já envolvidos ou interessados na atividade turística — e de representantes de instituições parceiras.
As Reservas Extrativistas (RESEX) são um tipo de Unidade de Conservação de uso sustentável, criadas para garantir os direitos territoriais e o modo de vida tradicional de populações que vivem da extração de recursos naturais de forma sustentável, como pesca, coleta de frutos e borracha. Nessas áreas, o turismo de base comunitária se apresenta como uma alternativa complementar de renda e valorização cultural, respeitando a conservação ambiental e o protagonismo das comunidades locais.
“Realizar o curso de multiplicadores em um formato direcionado para as necessidades de cada Unidade de Conservação (UC) foi um desafio, mas, ao mesmo tempo, uma forma de nos mostrar que podemos ministrar os cursos em qualquer local. Pudemos adequar o conteúdo de acordo com o status do turismo em cada UC” avalia Pedro Nassar, coordenador do Programa de Turismo de Base Comunitária (PTBC) do Instituto Mamirauá.
“Por exemplo, como o turismo em Cuniã está mais avançado, trabalhamos mais com a revisão do já vem sendo feito e como tentar alavancar mais a atividade na região; por outro lado, na (Resex) Rio Ouro Preto o turismo ainda está em um estágio inicial, de forma que buscamos utilizar ferramentas mais práticas. A parceria com os NGIs (Núcleos de Gestão Integrada) do ICMBio foi fundamental para a viabilização dos cursos”, destaca.
Parceria com ICMBio fortalece conservação socioambiental na Amazônia
Crédito: Divulgação ICMBio Guajará-Mirim
A equipe formadora foi composta por uma equipe do Instituto Mamirauá e da Uakari Lodge em parceria com o ICMBio-RO. Ao todo, participaram 59 pessoas: 29 no Cuniã (17 mulheres e 12 homens) e 30 no Rio Ouro Preto (18 mulheres e 12 homens), reforçando o protagonismo feminino e o engajamento de jovens no processo de construção coletiva de alternativas sustentáveis para os territórios.
Conteúdo prático e troca de experiências
Crédito: Henrique Cunha
Durante os três dias de atividades em cada reserva, os participantes discutiram temas essenciais para o fortalecimento do turismo comunitário, como a elaboração e precificação de roteiros turísticos, boas práticas na manipulação de alimentos, estratégias de marketing digital e experiências inspiradoras como a do Uakari Lodge — uma pousada localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, gerida por associações comunitárias ribeirinhas com apoio técnico do Instituto Mamirauá. O lodge é referência internacional em turismo de base comunitária, combinando conservação ambiental, geração de renda e valorização cultural.
Além da parte técnica, os cursos foram espaço para o compartilhamento de histórias de vida, desafios locais e trocas de experiências entre os moradores e a equipe do Instituto. A escuta ativa e o diálogo direto com as comunidades permitiram um olhar mais atento às realidades específicas de cada território.
Vozes das comunidades
“O curso foi uma oportunidade única de aprendizado, crescimento e amizade”, comentou uma participante da RESEX Lago do Cuniã. Outro morador destacou: “Aprendi muito, com certeza foi um momento único de muito aprendizado, parabéns a todos. Foi muito gratificante!”
A receptividade também foi celebrada pelo ICMBio. Ítalo Rocha Freitas, analista ambiental do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) do ICMBio Guajará-Mirim, ressaltou a importância da parceria:
“A demanda por essa temática partiu dos próprios moradores da Reserva Extrativista. O ICMBio incentiva o turismo de base comunitária por entender que ele pode ser uma fonte de renda alternativa, promover a valorização dos modos de vida tradicionais e proteger o meio ambiente.”
Um novo passo na formação descentralizada
Crédito: Pedro Nassar
Para o Instituto Mamirauá, esta experiência marca um novo momento na disseminação de boas práticas em Turismo de Base Comunitária na Amazônia. Ao descentralizar a formação, o programa amplia o alcance de sua metodologia e reafirma o compromisso com o fortalecimento das comunidades amazônicas na busca por alternativas sustentáveis, inclusivas e autônomas.
Sobre o Instituto Mamirauá
O Instituto Mamirauá é um centro de pesquisa científica aplicada vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com sede em Tefé, no coração da Amazônia. Fundado em 1999, atua na interface entre ciência, conservação da biodiversidade e fortalecimento dos modos de vida das populações ribeirinhas e indígenas. Sua trajetória tem origem na pesquisa pioneira sobre o uacari-branco, que impulsionou a criação das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, primeiras do gênero no Brasil e que somam mais de 3 milhões de hectares.
Hoje, o Instituto desenvolve mais de 180 projetos em 36 áreas protegidas de todo o bioma, potencializando o desenvolvimento de pesquisas voltadas a conservação da biodiversidade, desenvolvimento social e de tecnologias sociais na região amazônica, bem como fortalecendo ações de manejo de recursos naturais a partir da abordagem de temas como manejo agroecológico, manejo de pesca, manejo de fauna, manejo florestal madeireiro e não madeireiro, gestão comunitária, tecnologias sociais, saúde e qualidade de vida, turismo de base comunitária, mudanças climáticas, políticas públicas, tecnologias sociais dentre outros. É referência nacional e internacional por integrar conhecimento científico e tradicional para o desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Texto: João Cunha
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