"Toda vez que eu vou lá na comunidades, as pessoas se sentem muito motivadas"

Publicado em: 17 de novembro de 2017

A pesquisadora e engenheira florestal Emanuelle Raiol Pinto desenvolve desde 2014, um projeto que busca identificar a ecologia e o potencial produtivo da andiroba e da copaíba nas Reservas Mamirauá e Amanã. Motivação é a palavra-chave para o trabalho, garante Emanuelle. "Toda vez que eu vou lá [na comunidade], as mulheres se sentem muito motivadas. Eu vejo o envolvimento e a felicidade delas em ter uma pesquisadora ali, levando um novo ânimo para algo que elas gostam de fazer. Elas dizem que eu animo [risos]".

Ao motivar, a pesquisadora também se sente motivada: "Isso me deixa muito motivada e me dá expectativas de que o movimento vai dar certo. Pode fazer com que elas usem aquele recurso, porque o que eu mais ouvi delas foi que o recurso existe e se estraga na floresta, e elas não produzem porque não existe um incentivo".

Ao longo de pouco mais de dois anos de trabalho, Emanuelle visitou comunidades com potencial para extração do óleo de andiroba, extraí­do das sementes e com presença de copaíba, em que o óleo é extraí­do dos troncos das árvores. Atualmente, duas comunidades seguem no projeto para viabilizar o manejo e fazer uma experimentação para que consigam, além de extrair o recurso para uso, vender o excedente, gerando um complemento de renda. Em parceria com os técnicos do Programa de Manejo Florestal Comunitário e do Programa Qualidade de Vida, a equipe testa uma máquina para extração do óleo de andiroba pelos comunitários. Existem equipamentos parecidos no mercado. A ideia é adaptar para a realidade local, de forma que a manutenção seja simples e que eles mesmos consigam manusear.

O processo de extração do óleo de andiroba tem várias etapas. O primeiro é a coleta das sementes. Depois, ela é cozida, passa por um processo de secagem e quebra para retirada de uma massa, que, no processo atual das comunidades, é amassada. A proposta do instituto é que a máquina automatize o processo manual de amassar a massa que gera o óleo. O trabalho vem sendo desenvolvido em conjunto com as comunidades: "A gente sempre leva em consideração o que eles [moradores] falam, que são os detentores do conhecimento maior. A gente está ali basicamente para ouvir e construir com eles a melhor forma de viabilizar o manejo. Para que esses conhecimentos que ambos têm não se percam. Nem o modo de manejo, uma forma mais técnica, nem o conhecimento tradicional". A motivação já está garantida.

Texto originalmente produzido para o livro "Protagonistas: relatos de conservação do Oeste da Amazônia", que pode ser baixado em mamiraua.org.br/protagonistas. Desenvolvido no âmbito do projeto "Mamirauá: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação" (BioREC) e conta com recursos do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Texto: Eunice Venturi

 

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