Publicação

Publicado em: 10 de junho de 2011

 10/06/2011 - O Instituto Mamirauá lança hoje, em Tefé, durante o VIII Seminário Anual de Pesquisa, o livro "Memórias de Mamirauá" de autoria da antropóloga Edna Ferreira Alencar, da Universidade Federal do Pará. O livro trata da história de 19 povoados localizados na área focal da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, região do Médio Solimões, Estado do Amazonas. Segundo a autora, o trabalho consistiu em organizar os fragmentos das memórias dos comunitários com o objetivo de construir um relato cronológico da história dos povoados, da região do Médio Solimões e também do próprio ambiente que serve de cenário aos relatos.
 As histórias dos povoados que compõem a obra são o resultado de uma pesquisa realizada em 1993 com o objetivo de conhecer a história da ocupação humana desta região onde está situada a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável criada no Brasil, a Reserva Mamirauá. Os relatos mostram que os moradores desses povoados realizaram uma mobilidade geográfica constante, em função das mudanças que ocorrem na paisagem física da várzea, provocada pelas terras caídas e pela formação de praias e ilhas que isolavam os povoados. "Muitas vezes as famílias carregavam em sua bagagem não apenas seus bens materiais mais tangíveis, como roupas e utensílios domésticos, como também suas casas e seus sonhos", disse a pesquisadora. Além dos 19 povoados, também traz fragmentos da história de povoados que existiram nessa mesma região, e que desapareceram em virtude de diferentes fatores, principalmente fatores ambientais como a terra caída.
 Os personagens das histórias são famílias que descendem de grupos indígenas que migraram das regiões de antigos seringais situadas no Vale do Juruá, no Alto Solimões e Japurá, e famílias de origem nordestina que foram recrutadas de suas cidades para trabalhar na extração da borracha nos seringais da Amazônia. Com a falência do sistema de comércio da exploração da borracha essas famílias começaram a descer os rios, do Alto para o Médio Solimões. O período de tempo abrangido por este relato histórico é de cerca de cem anos, e a análise do material coletado na pesquisa mostrou que o tempo de existência da maioria dos povoados era de cinquenta anos, em média.
 Um dos relatos trata sobre a história da origem do nome da Comunidade Vila Alencar. Os narradores não souberam informar o motivo que levou a escolher esse nome. Mas, de acordo com o morador Aristóteles Martins, há uma explicação: "O primeiro nome que tinha aqui era Paraná do Prego. E depois, isso foi em 62, foi quando fundou essa escola pelo rádio, radiofonia, pela rádio Rural. Aí teve o professor Protásio que veio aqui. Quer dizer, além do professor Protásio tinha um professor aqui [...] como Vila Brizola. E depois o pessoal descobriu que Brizola diz que era comunista. Aí o professor Protásio veio aqui e disse: -Olha, esse nome é comunista . Nesse tempo comunista era coisa até espantosa aqui na Amazônia. E aí já foi já pelo professor Protásio que ele colocou esse nome de Vila Alencar porque nesse tempo né, Alencar era, parece que era um ministro, né. Ministro lá de educação parece, nesse tempo... Aí ficou como Vila Alencar. E até hoje ainda existe esse nome já registrado e tudo pela parte do Brasil".
 Para conhecer o prefácio da obra clique aqui.

Interessados em adquirir essas e outras publicações do Instituto Mamirauá podem entrar em contato com a Loja Mamirauá, pelo telefone (97) 3343-2456 ou pelo e-mail loja.tefe@mamiraua.org.br
por Eunice Venturi

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