Pint of Science: maior evento de divulgação científica do mundo é realizado pelo Instituto Mamirauá e parceiros no interior do Amazonas
Publicado em: 16 de novembro de 2022
Programação ocorreu pela 1ª vez durante três dias consecutivos em Tefé (AM)
Texto: Augusto Gomes
Pela primeira vez em Tefé aconteceu o Pint of Science (PoS), um dos principais eventos do mundo voltados à popularização do conhecimento científico. Com a proposta de levar ciência em formato acessível ao público em espaços democráticos, como bares e restaurantes, o evento ocorreu no Vegas Bar & Petiscaria e lotou o espaço durante os três dias.
Um dos realizadores foi Instituto Mamirauá, instituição de pesquisa que atua na Amazônia brasileira, promovendo a ciência sobre biodiversidade, manejo e conservação dos recursos naturais da Amazônia de forma participativa e sustentável.
O PoS é o maior debate de ciência do mundo que ocorre fora dos ambientes universitários, com o objetivo de oferecer palestras interessantes e relevantes sobre pesquisas científicas para pesquisadores, universitários e público em geral. O festival acontece anualmente ao longo de três dias consecutivos e, este ano, foi realizado nos dias 7, 8 e 9 de novembro, em mais de 60 cidades espalhadas pelo Brasil.
De acordo com Thiago Bicudo, um dos organizadores do evento, o PoS para além de um festival, é uma estratégia fundamental para o debate da ciência no nosso país. “Em Tefé, foi organizado pelo Instituto Mamirauá e pela Prefeitura Municipal de Tefé, por meio da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação”, disse Bicudo.
O evento
Para o diretor geral do Instituto Mamirauá, João Valsecchi do Amaral, convidado especial do evento, a realização do Pint Of Science foi de suma importância para popularização da ciência, principalmente no que se refere aos contextos de temáticas voltadas à Amazônia Central.
“O evento tem uma relevância extrema para a sociedade porque promove a ciência, a torna mais popular. Trazer essas discussões para um ambiente alternativo, que é o ambiente do bar, onde geralmente não se debate ciência, é mais importante ainda. Nesse sentido, acaba sendo muito interessante, pois a gente acaba atingindo outros públicos de uma forma bastante descontraída e diferenciada”, comentou João.
Sobre a sua apresentação no evento, Valsecchi disse que o objetivo foi trazer à tona a discussão sobre necessidade de reflexão sobre o marco legal, que trata sobre a temática da caça de subsistência além de questões sobre o manejo de fauna silvestre no País.
“Através desse evento podemos compartilhar o que a gente sabe hoje e pensar sobre onde podemos avançar e ouvir opiniões distintas, porque esse um espaço propício que Pint Of Science permite a todos”, finalizou.
O Instituto Mamirauá, no coração da Amazônia, desenvolve pesquisas na área há mais de 20 anos. Aqui, existe o Grupo de Pesquisa em Ecologia de Vertebrados Terrestres, responsável por desenvolver estudos sobre a ecologia de mamí¬feros, répteis e aves, além de pesquisas para a conservação e manejo da biodiversidade, na região do Médio Solimões - Amazonas.
“O Grupo possui ênfase na questão do uso da fauna por populações tradicionais, especialmente sobre a atividade de caça para o consumo e venda, e das relações de conflito entre os seres humanos e diferentes espécies”, destacou João.
Além dessas iniciativas, o grupo também realiza monitoramento de uso da fauna há mais de 15 anos, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã. O sistema consiste na coleta contínua de informações sobre eventos de caça e de material biológico em mais de cinco comunidades rurais da reserva.
Outro convidado ilustre foi o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Tefé – SECTI, representante da Prefeitura de Tefé. Para ele, o evento é destinado especialmente aos cientistas que têm a oportunidade de transmitir os seus conhecimentos à população.
“Hoje, nós temos mais 901 mestres e 298 doutores que já residem e atuam no interior do Amazonas, principalmente, aqui em Tefé, através de instituições de pesquisa como o Instituto Mamirauá, o Ifam, as universidades e demais instituições de ensino superior – IES. Nossos 14.665 estudantes nas zonas rural e urbana do município, hoje tem a possibilidade de tem acesso a ciência com qualidade por meio de projetos como a Robótica Itinerante e outros trabalhos”, pontuou o secretário.
Para o organizador do evento, Thiago Bicudo, a programação foi possível graças à parceria institucional entre diversas unidades de pesquisas e organizações locais. “Nós tivemos grandes desafios para a realização do evento, mas graças à ajuda, o alinhamento com a SECTI, Ifam, a Prefeitura de Tefé e o Instituto Mamirauá, realizamos o Pint Of Science pela primeira vez em Tefé, em 2022. No geral o evento foi muito bom”, pontuou Bicudo.
Dos vestígios de pessoas à sons das cidades
Durante a primeira apresentação da noite, a pesquisadora Luiza Vieira contou um pouco sobre como a arqueologia pode trazer informações históricas sobre povos antigos, focando o tema da conversa nos povos do médio Solimões.
Luiza discutiu sobre “O que a arqueologia conta sobre as histórias das gentes do médio Solimões?”. Após a apresentação o público presente participou fazendo perguntas à arqueóloga do Grupo de Pesquisa em Arqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, organização social que é fomentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Em seguida, Thiago Bicudo, doutor em Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, trouxe à mesa a temática “Sons do silêncio: efeitos da quarentena no ruído das cidades”. Bicudo falou sobre quais foram os efeitos da quarentena pela COVID-19 no âmbito nos ruídos das cidades e como a percepção das pessoas ao mesmo tipo de som, também mudou.
Atualmente, Thiago desenvolve estudos com monitoramento acústico passivo (PAM), com o objetivo de entender como a fragmentação do habitat pode desencadear variações na paisagem acústica e como as espécies de aves adequam seus sinais a essas mudanças.
Voos pela Amazônia: do ecoturismo ao prato amazônico
A noite do segundo dia de evento iniciou com a apresentação de Pedro Meloni Nassar. Ele abordou sobre “Quero viajar: por que escolher ecoturismo de base comunitária?”. Pedro é mestre em Gestão de Áreas Protegidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
Possuidor de uma extensa experiência em Ecoturismo de Base Comunitária na Amazônia, Pedro conversou sobre alternativas de turismo, envolvendo comunidades tradicionais em meio a imensidão da região Amazônica.
O pesquisador, também coordenador do Programa de Turismo de Base Comunitária do Instituto Mamirauá, está na Amazônia desde 2008. De lá pra cá, ele tem desenvolvido trabalhos no Instituto Mamirauá, atuando diretamente na Pousada Uacari além de trabalhou com gestão participativa.
Na segunda etapa da noite, Diogo Lima e Daniel Tregidgo entraram em cena trazendo no menu da programação o tema: “Alimentação amazônica: da floresta ao prato”. Durante o bate-papo eles falaram sobre os pratos feitos e encontrados na mesa dos povos amazônicos, além de discutirem sobre os principais tipos de contaminantes.
Daniel é doutor em Ecologia com titulação simultânea pela Universidade Federal de Lavras e Lancaster University. Já Diogo é Mestre em Administração e Desenvolvimento Rural (Políticas Públicas e Desenvolvimento Rural Sustentável) pela UFRPE. E também é Coordenador do Programa de Manejo da Fauna do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), realizando planejamento, execução e coordenação das atividades técnico-científicas para desenvolvimento do sistema de manejo comunitário de animais silvestres na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), Estado do Amazonas.
Inclusão digital, jovens e mulheres protagonistas em seus espaços e importância de discutir realidades e direitos sobre a caça de subsistência no Brasil
Naldo Oliveira e Higson Vaz, especialistas em Tecnologia da Informação e Comunicação abriram as apresentações da última noite do evento com o tema: “Não seja o "Tiozão do Zap": A importância da Inclusão Digital de jovens e adultos”.
Na conversa, eles destacaram a importância da inclusão digital entre jovens e adultos, principalmente em cidades do interior do Amazonas, evitando o compartilhamento massivo de Fake News.
Atualmente, Naldo atua como professor de Robótica Educacional da Rede Municipal de Tefé. Já Higson Vaz é mestre em Educação Agrícola pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. E professor de Informática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – Ifam Campus Tefé.
Na sequência das atividades, Patrícia Carvalho e Sandro Augusto Regatieri debateram sobre “Jovens e mulheres: conectando histórias, conhecimentos, políticas e experiências”. A ideia da palestra foi mostrar como as histórias, conhecimentos e políticas, entre jovens e mulheres, se conectam destacando a importância de cada um ocupar o seu lugar na sociedade, principalmente como protagonista do hoje e amanhã.
Sandro e Patrícia são pesquisadores do Instituto Mamirauá. Patrícia é antropóloga, líder do Grupo de Pesquisa Territorialidades e Governança Socioambiental na Amazônia e colaboradora no Grupo de Pesquisa Arqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia.
Na instituição, Patrícia coordena o Programa Mulheres na Ciência e Inovação na Amazônia. Tem experiência de atuação em pesquisa e extensão com Povos e Comunidades Tradicionais, desenvolvendo estudos relacionados ao tema de governança socioambiental e políticas de gestão em Áreas Protegidas na Amazônia, com enfoque em práticas de ordenamentos territoriais, organização sociopolítica e gênero.
Sandro é mestre em Ensino das Ciências Ambientais pelo Programa de Pós-Graduação Profissional em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais - PROFCIAMB, Associada - Universidade Federal do Amazonas/UFAM, atua também como extensionista do Instituto Mamirauá, com o cargo de Analista de Pesquisa e Desenvolvimento Sênior, na função de coordenador do Centro Vocacional Tecnológico "Tecnologias Sociais da Várzea Amazônica".
Assim, encerrando a programação do Pint Of Science – edição Tefé 2022, o pesquisador João Valsecchi do Amaral, convidado especial do evento, discutiu sobre a “Caça de Subsistência no Brasil: Realidades e Direitos”.
Na Amazônia, o Instituto Mamirauá há mais de 20 anos tem desenvolvido trabalhos voltados à área de pesquisa e conservação da fauna silvestre com ênfase na fauna cinegética, ecologia e conservação de mamíferos.
“O GP possui ênfase na questão do uso da fauna por populações tradicionais, especialmente sobre a atividade de caça para o consumo e venda, e das relações de conflito entre os seres humanos e diferentes espécies”, disse Valsecchi.
Além desse trabalho, o Grupo de Pesquisa trabalha com o Sistema de Monitoramento de Uso da Fauna (SMUF). O sistema implementado há mais de 15 anos, consiste na coleta contínua de informações sobre eventos de caça e de material biológico em cinco comunidades rurais na reserva.
João é doutor pela Universidade Federal de Minas Gerais, e também Diretor Geral do Instituto Mamirauá, membro do Grupo de Pesquisa em Ecologia de Vertebrados Terrestres e Curador da Coleção Mastozoológica da Instituição. E membro da REDEFAUNA (Rede de Pesquisa em Diversidade, Conservação e Uso da Fauna da Amazônia) e da COMFAUNA (Comunidad de Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y en Latinoamérica).
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