"O principal, que eu acho do projeto sobre o manejo, é que as pesquisas são fundamentais"

Publicado em: 17 de novembro de 2017

Jezenias Guedes Nogueira é assistente de campo do Instituto Mamirauá desde 2007. Tem uma função essencial nas capacitações voltadas para o manejo florestal: é o treinador dos manejadores. "A gente faz uma demonstração, primeiro com um corte. Depois, vai treinando as pessoas. Assim, elas vão se capacitando, se aprimorando, para usar as técnicas certas para redução de impacto e para reduzir a perda da madeira", diz Jezenias.

Nem sempre é fácil treinar: "No início, tem a dificuldade de manusear os equipamentos para aprimorar os cortes. Mas, antes de ir para campo, a gente faz uma parte na teoria, faz os desenhos, e quando vai para a prática, eles já começam a entender mais como funciona. E, aí, a gente vai repassando para eles, para ter aproveitamento da madeira e também pensar na segurança do operador", alerta o treinador.

Ele é morador de uma comunidade com tradição na exploração da madeira, a comunidade do Barroso, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Lá, ele foi se familiarizando com o manejo em ‘casa mesmo’. E ele vê nas pesquisas científicas uma importante aliada do manejo florestal: "O principal, que eu acho do projeto sobre o manejo, é que as pesquisas são fundamentais. Tudo o que a gente está ontem falando aí [no Encontro de Manejadores Florestais], a gente que mora e vive na comunidade, não saberia. Eu sei, porque eu estou no programa do manejo florestal, e ele repassa os resultados das pesquisas, e eu acompanho também. Então, a coisa fundamental que eu acho é a pesquisa. Se não tiver pesquisa, nada funciona", alega o assistente de campo.

Embora as legislações que orientam a exploração do recurso florestal madeireiro existam desde a década de 1960, a regulamentação da atividade na Amazônia é recente. O manejo florestal comunitário apenas passou a ser reconhecido em 1998, por meio de um decreto do Ibama. Já a instrução normativa que regulamenta o manejo em ecossistema de várzea foi publicada em 2010, com base nos resultados das pesquisas realizadas pelo Instituto Mamirauá, em convênio de pesquisa junto ao Projeto Max Planck, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Por isso, como morador da reserva, Jezenias reconhece a relevância das pesquisas científicas. Como todo treinador, também mantém o sonho de ensinar para os filhos as técnicas do manejo, porque a tradição é assim: passa de pai para filho.

Texto originalmente produzido para o livro "Protagonistas: relatos de conservação do Oeste da Amazônia", que pode ser baixado em mamiraua.org.br/protagonistas. Desenvolvido no âmbito do projeto "Mamirauá: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação" (BioREC) e conta com recursos do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Texto: Eunice Venturi, com colaboração de Amanda Lelis.

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