No Pará, acontece o primeiro curso sobre o transporte sustentável de caranguejo

Publicado em: 18 de outubro de 2017

Curso será realizado entre os dias 22 e 27 de outubro no município de São João da Ponta. Iniciativa é da SEDAP-PA e do Instituto Mamirauá.

Nas feiras e mercados paraenses, eles são campeões de popularidade. Em paneiros, cestos ou amarrados no barbante, os caranguejos têm papel central na culinária regional e também abastecem uma cadeia econômica de destaque no estado. Mas até chegar ao consumidor, é preciso cuidar da qualidade da pesca, embalagem e do transporte do crustáceo. Por isso, nos próximos dias 22 a 27 de outubro, acontecerá o "I Curso de Boas Práticas sobre o Manejo de Caranguejo-uçá: o método de embalagem para o transporte sustentável". A realização é da Secretaria Estadual de Agropecuária e Pesca (SEDAP-PA) e do Instituto Mamirauá.

O município de São João da Ponta, localizado no nordeste paraense, vai receber as atividades. O evento é baseado no cotidiano dos pescadores da região. "O curso foi pensado para unir o saber tradicional e o saber técnico. A metodologia do curso é aprender fazendo, aprender com quem sabe", conta o técnico da SEDAP-PA, Patrick Passos.

Os manguezais, onde a espécie de caranguejo-uçá faz suas tocas e se reproduz, vão se tornar em "salas de aula" para os extensionistas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (EMATER-Pará), o público do curso. E os mestres serão os próprios pescadores e pescadoras artesanais de caranguejo.

"É uma iniciativa que valoriza o saber tradicional, o desenvolvimento local e que reconhece as populações tradicionais como detentoras de um saber que ganha força pelo investimento que o Instituto Mamirauá e a Fundação Moore (financiadora do curso) fizeram para sensibilizar os novos técnicos do estado do Pará sobre o tema do ecossistema manguezal", explica Patrick.

Embalagem e transporte sustentável

Durante o curso, serão oferecidas orientações sobre a embalagem adequada dos caranguejos para o transporte sustentável. Para garantir a qualidade do produto e a sobrevivência dos crustáceos até os centros de venda, a Instrução Normativa nº9 regula que o caranguejo deve ser armazenado em "basquetas", que são recipientes contentores cobertos de esponjas molhadas. Logo depois da coleta no mangue, o caranguejo pode ser levado em sacas, paneiros e cofos até um ponto com água e energia elétrica. Lá ele deve ser lavado na torneira e, a partir daí, selecionado pelo tamanho e embalado nas basquetas.

A metodologia rendeu a publicação "Manejo do caranguejo-uçá: o método de embalagem para o transporte sustentável" do Instituto Mamirauá (baixe aqui).

Parceria

O "I Curso de Boas Práticas sobre o Manejo de Caranguejo-uçá: o método de embalagem para o transporte sustentável" é resultado de uma série de ações de extensão pesqueira, com foco no caranguejo, realizadas no Pará. Apenas nos meses de maio e julho, 87 pescadores artesanais de caranguejo participaram dos cursos de extensão pesqueira. Os pescadores são moradores de 22 comunidades de Reservas Extrativistas Marinhas do estado. Neste semestre, ao todo, foram 336 pessoas treinadas para execução das técnicas de transporte sustentável do animal para a comercialização.

A iniciativa é realizada em parceria pela SEDAP-PA e pelo Instituto Mamirauá e conta com o financiamento da Fundação Moore. O Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) apoia a realização dos cursos desde 2013.

O "I Curso de Boas Práticas sobre o Manejo de Caranguejo-uçá: o método de embalagem para o transporte sustentável" também é apoiado pela EMATER-Pará, Reserva Extrativista São João da Ponta – Pará, Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (CONFREM), projeto Pesca Sustentável na Costa Amazônica, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Conservação Internacional (CI – Brasil) e organização Rare.

Texto: João Cunha

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