Instituto Mamirauá leva cultura dos muiraquitãs ao II Seminário Nacional de Tecnologia Lítica

Publicado em:  1 de setembro de 2017

O arqueólogo Márcio Amaral vai apresentar um estudo sobre a contextualização espacial, histórica e tecnológica dos antigos amuletos amazônicos

Há muitas luas, as icamiabas, tribo de mulheres guerreiras, confeccionavam um amuleto de pedra verde. O muiraquitã, como é chamado até hoje, adornava o pescoço dos filhos delas, símbolo de amor e proteção. Essa é apenas uma das muitas versões do mito do muiraquitã, que faz parte do imaginário da Amazônia. O amuleto desperta a curiosidade de arqueólogos, como o técnico do Instituto Mamirauá, Márcio Amaral. Há anos, ele pesquisa como as populações antigas na região fabricavam o muiraquitã. Os resultados mais recentes do estudo serão apresentados a partir da próxima segunda-feira (4), no II Seminário Nacional de Tecnologia Lítica, em Teresina, Piauí.

"Nessa etapa, estamos aumentando o número de experimentos para tentar inferir que tipos de tecnologias eram usadas para produzir os muiraquitãs, centenas de anos atrás. Com avanço das pesquisas, conseguimos perceber que existiam ao menos três tecnologias empregadas na manufatura", afirma Márcio.

Nos últimos meses, o arqueólogo esteve em Santarém, trabalhando no acervo de arqueologia da Universidade Federal do oeste do Pará (Ufopa), parceira na pesquisa. O lugar guarda um patrimônio de muiraquitãs, vestígios arqueológicos de populações indígenas entre os séculos X e XVII em regiões como o Baixo Amazonas.

"Para a abertura de marcas nas pedras (com as quais foram feitos os muiraquitãs), possivelmente eram usadas brocas de pedra, madeira e ossos", conta o pesquisador. Ele diz que a habilidade engenho com que os amuletos, comumente em forma de sapos ou rãs, ainda hoje admira especialistas. "O material dos muiraquitãs arqueológicos é de grande dureza, muito difíceis de se trabalhar. Ao contrário do que se pensa, as sociedades do passado que produziram esses artefatos lidavam com tecnologias refinadas", ressalta.

Seminário

A Universidade Federal do Piauí recebe o II Seminário Nacional de Tecnologia Lítica. O evento científico tem o princípio de ampliar os estudos de tecnologia lítica – dedicados a entender os utensílios produzidos em pedras e seu fabrico -  no Brasil. Nesta edição, o seminário focará nas atividades práticas de análise, acompanhada de experimentos em  lascamento. 

Texto: João Cunha

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