Florestas de várzea são ecossistemas periodicamente
inundados, que acompanham as margens dos principais rios
de água barrenta da região amazônica.

Esse ecossistema é comparado a um grande transformador biológico que retira nutrientes dos rios, transformando-os através das plantas e energia solar em matéria orgânica, que são novamente devolvidos aos rios em forma de plantas aquáticas, troncos de árvores e folhas.

Acredita-se que a quantidade de carbono transportado anualmente pelo rio Amazonas ao Oceano Atlântico seja estimada em 100 milhões de toneladas, e que grande parte dessa matéria seja produzida através das florestas de várzea.

As florestas de várzea não possuem uma vegetação homogênea, elas são compostas por três diferentes fitofisionomias: a restinga alta, a restinga baixa e o chavascal. Estas diferenciam-se principalmente pela densidade de árvores que possuem e pelo nível de inundação que chegam a atingir.

Em geral plantas e árvores, começam a brotar quando as águas estão baixando e começam a florescer e frutificar quando o nível da água está subindo, especialmente porque a água ajuda no processo de dispersão das sementes. No pico das cheias algumas espécies perdem suas folhas.

Durante a baixa dos rios o solo reaparece enriquecido com nutrientes orgânicos transportados pelos rios ou oriundos de material vegetal que ali permaneceu e entrou em processo de decomposição, deixando o solo em condições favoráveis à germinação de sementes que foram trazidas pelos rios.

A boa disposição de nutrientes na várzea faz com que esse ecossistema tenha grande quantidade de animais superiores, especialmente pássaros aquáticos como garças, mergulhões, gaivotas, patos, etc.

Quando o rio enche alguns animais terrestres migram para cima da copa das árvores, onde ocorre uma tremenda luta por sobrevivência até a água baixar. A onça por exemplo passa a viver na copa das árvores alimentando-se de macacos e preguiças.

Na seca, alguns organismos aquáticos se retiram para o leito principal do rio ou ficam retidos em lagos, canos e paranás. Durante a cheia, os lagos se juntam ao rio principal, ficando com características mais associadas a canais de águas correntes. Nessa época, muitos animais aquáticos mantêm-se nos espaços internos da floresta, onde encontram alimentação e proteção contra inimigos.

Na cheia o ambiente aquático se expande e os peixes e outros organismos aquáticos se reproduzem, aproveitando a menor densidade de predadores e alta abundância de alimento. As árvores da várzea também se aproveitam do aumento do nível da água para dispersar seus frutos através das águas e dos próprios peixes.

Na seca, a floresta é acessível à fauna terrestre, que encontra uma grande abundância de alimento e aproveita para criar a sua prole. Este ciclo permite que haja uma grande diversidade de organismos vivendo numa mesma área, mas exige que plantas e animais tenham uma enorme variedade de adaptações.