Projeto de conservação de sementes de pesquisadora parceira do Instituto Mamirauá ganha prêmio de bioeconomia

Publicado em:  7 de fevereiro de 2023

Aporte financeiro e apoio técnico serão direcionados para a criação de startup que será desenhada a partir das pesquisas realizadas na área de manejo florestal

 

O tema do desenvolvimento sustentável na Amazônia passa pelo debate dos incentivos à uma economia voltada para a utilização de recursos biológicos, renováveis e recicláveis. Para fomentar a discussão em Tefé, município a 600 km de Manaus, o Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), coordenado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) promoveu, em parceria com a prefeitura local e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), a “Oficina de Bioeconomia da Amazônia”.

 

O evento, realizado nos dias 1 e 2 de fevereiro na sede da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-Tefé), reuniu institutos de ciência e tecnologia, startups e empreendedores em duas tardes com o objetivo de promover conexões e trocas de experiência sobre o cenário dos bionegócios amazônicos. Para além das discussões, projetos com potenciais de se tornarem negócio foram apresentados e, após a votação, com base nos critérios de avaliação enquadrados nas normas da Suframa e Comitê das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento na Amazônia (CAPDA), o projeto melhor votado recebeu o aporte de R$500 mil como prêmio.

 

Entre os concorrentes, o projeto Bancos Flutuantes, da professora da Universidade Federal de Uberlândia e pesquisadora parceira do IDSM, Denise Garcia de Santana, foi o vencedor. Participante do programa e grupo de pesquisa de Manejo Florestal do instituto, Denise desenvolveu ao longo dos anos pesquisas com sementes florestais amazônicas e a partir disso criou o negócio que consiste na montagem de bancos flutuantes de produção e conservação de sementes em cursos de água.

 

"As sementes da região amazônica normalmente não toleram a perda de água, que é comum no sistema de armazenamento à seco. Colocar as sementes nos cursos de água mantem a qualidade das mesmas” explica a pesquisadora. Com o dinheiro e apoio técnico oferecido pelo Idesam será construído um banco flutuante piloto, em 12 meses, em uma comunidade ribeirinha que tenha produção de sementes, que deverá começar a funcionar dentro desse mesmo período. “Serão produzidas sementes para qualquer finalidade: produção de mudas, restauração florestal, espécies frutíferas, nativas, em geral”, afirma.

 

A pesquisadora diz que a participação no evento foi fundamental para conseguir transformar a pesquisa em negócio, mostrando a importância desse trabalho dentro da universidade e do Instituto Mamirauá. “A ideia foi bem recebida e é vista com um potencial muito grande. Estou muito feliz. Existe um caminho longo pela frente, mas foi um bom começo”, frisa.

 

Potencial em Tefé

 

Para os organizadores, o evento teve um saldo positivo ao revelar a maturidade do setor de inovação na região. “Foram seis pitchs com pessoas capacitadas. Esperamos vê-las em outros editais”, diz Paulo Simonetti, do Idesam.

 

Tabatha Benitz, do Núcleo de Inovação e Tecnologias Sustentáveis (Nits), do Instituto Mamiraua, reforça a importância de conhecer mais sobre o PPBio e suas possibilidades de capacitação de recursos, junto ao Idesam. “O IDSM desenvolve e executa projetos de bioeconomia com forte potencial de desenvolvimentos das cadeias produtivas amazônicas. Queremos continuar a contribuir com as associações produtivas que promovem a geração justa de renda para as comunidades alavancar mais pesquisas para o mercado”.

 

Para Daniel Sacha, do Secti - Tefé, sediar esse evento mostra como o governo local tem se empenhado a dar visibilidade para a existência de públicas voltada ao desenvolvimento científico. “A oficina mostra quão alto é a qualidade e potencial das instituições de ensino e pesquisa presente em nosso município e isso nos ajuda na busca do reconhecimento de Tefé como ‘A Capital do Médio Solimões’”, afirma Sacha, que garante ainda que estão trabalhando para a realização de novas parcerias voltadas à inovação.


Texto: Tatiane Ribeiro

 

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